Thursday, July 5, 2012

the dream of replica

Em um campo aberto, dia agradável, várias pessoas passam tempo com os familiares. Boa parte está fazendo piquenique e também se pode ver algumas crianças correndo. Debaixo de uma área coberta, perambulo observando-as de longe. A área em que estou tem o piso e o teto, que de alguma forma inexplicável se mantém firme sem nenhuma parede ou coluna de apoio, são feitos de mármore branco. Espalhadas nesta área, várias lápides estão dispostas e espaçadas de forma ordenada. São brancas, quase transparentes, e cada uma contém uma inscrição diferente. Letras grandes formam palavras, algumas sobrepostas, soltas, mas dentro de um tema específico para cada lápide.

Desvio novamente meu olhar para o campo e reconheço duas das crianças. Aproximo de uma das famílias.

Bom dia a todos. Jéssica, dá uma olhada ali, que super legal! – digo para a garota da família, o que deixa sua mãe com ar de desaprovação.
– Não se preocupe, vou tomar conta dela.

Jéssica observa brevemente as lápides, porém não prendem sua atenção. Ela corre em direção a um balanço. Seu desinteresse me irrita um pouco. Aproximo dela e digo que ela só poderá brincar no balanço depois de descobrir os temas de algumas lápides.

Meio emburrada, ela volta e ajoelha-se em frente a uma delas, observando-a. Passa muito tempo sem dizer nada. Dou a volta para tentar entender sua dificuldade. Em vez de palavras, há vários octógonos. Por trás dos octógonos se movem peixes dourados, que às vezes se aproximam da parede da lápide e têm suas imagens distorcidas. Fico com pena por ela ter escolhido uma tão difícil.

– Tá, essa aí são só peixes.

Frustrada, Jéssica sai correndo novamente, abre a porta e entra em uma construção ao lado. Acompanho-a.

A porta dá em uma sala de aula sem janelas. A não ser por Jéssica e meu irmãozinho Igor, não há mais ninguém. Eles estão sentados em duas carteiras de uma mesma fileira, um na frente do outro. Aproximo deles e digo a ela para não sair correndo desta forma, pois está sob minha responsabilidade e me preocupo de que a aconteça algo. Ela parece compreender e, mais calma, levanta e sai da sala caminhando.

Ao me levantar para também sair, uma turma inteira de alunos começa a entrar. Jéssica, agora vestida em um uniforme verde escuro e saia bege, está entre as crianças. Confuso, direciono a palavra a ela, mas sou retribuído com o olhar de como se ela não me conhecesse. Meu irmão continua comigo e parece não se impressionar.

Mais crianças chegam e dessa vez noto uma idêntica a Igor. Ela vai em direção ao lugar onde ele está sentado e pede para que ele saia. Sem opor, Igor levanta, sai da sala e a criança senta onde ele estava.

São cerca de seis fileiras de carteiras e, conforme a sala vai enchendo, percebo que existem entre as crianças mais algumas réplicas de Igor e Jéssica, que vão sentando cada um em uma fileira diferente, mas na mesma ordem todas as fileiras. Completados todos os lugares, ficam ali, quietos, esperando uma suposta aula começar.

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